quarta-feira, maio 09, 2007

DDN do Goto

Hoje acordei com o primeiro sol alaranjado na parede branca do quarto... Estiquei a cabeça até a janela para ver a silhueta da Serra do Mar quase inteira no horizonte: o Pico Paraná, o Marumbi, o Anhangava, o Pão de Ló... Quando o inverno se aproxima, a alvorada se afasta, um pouco do leste ao nordeste. Um pouco. O sol nasce agora exatamente no meio do cume duplo do Pico Paraná, o mais alto da Serra. É sempre bom de ver. Nem que seja pra em seguida afundar na cama novamente, pra raspar o resto de sono de dentro do corpo. Deitei, e espreguicei. Pensei: que dia bom pra fazer nada...

Não foi assim. Atividades. Objetos & verbos. Contas pra pagar, aparelho de DVD para arrumar, monografias pra ler, projeto a encaminhar, entrevista pra dar, trabalho pra continuar, grana para pleitear.

Caminhei muito na rua, em meditação automática. Atravessei o calçadão da Rua das Flores 4 vezes, entre idas e vindas. Num nobre trajeto entre a Visconde de Guarapuava e o Solar do Barão: bota a praça Rui Barbosa, a Osório, a Boca Maldita e a Praça Tiradentes no meio só para rechear de tempo as distâncias, entre muitas ruas mais atravessadas no caminho. Entre o trânsito e o transe, uma pausa. Sentado num banco à sombra das altas árvores da Praça Osório, depois de almoçar um creme de açaí na Winners. Para descansar e ler. Estendi minhas percepções distraidamente da escrita à imagem (distraídos venceremos?) seguindo o vôo de uma bela borboleta preta repleta de pintas azuis, e algumas brancas, como que espirrada de tinta pela fricção de uma escova. Pollock não faria melhor. A pintura é a natureza, e ainda voa! Incrível (Deus é incrível!) foi ver a cor alaranjada sob suas asas, um laranja peludo, um tom de sol nascente na Serra do Mar! Fiz uma solitária reverência mental ao dia do nada, continuei contemplando, e depois parti.

Goto (zero hora agora, entre 7 e 8 de maio de 2007, em Curitiba)

Nenhum comentário: