quarta-feira, outubro 26, 2005

ticiano - o amor sagrado e o amor profano



e mail do afonso - funarte

Rubens
Sei o quanto essa história jurídica é desgastante para quem está envolvido diretamente nela, acho que você é mesmo quem tem a medida do que deve ou não ser feito a respeito. Gostaria que você contasse comigo para qualquer coisa que eu possa fazer aqui onde estou e acho mesmo que talvez fosse o caso de uma manifestação da funarte sobre o assunto, para caracterizar qual é o lugar da arte frente ao estado. Mas a coisa é com você.
De resto esses conflitos são importantes simbolicamente, pois é também um modo de enfrentar a resistencia que há contra a arte por parte de todos que convivem com a opressão, mesmo numa sociedade absolutamente estetizada como a que vivemos. Talvez o que você viva seja mais que um sintoma e quem sabe não há em teu trabalho intuições disso tudo.
Acho que no fim das contas a conversa melhor que podemos ter sobre isso e que nos dá mais o que pensar é mesmo a conversa sobre a arte. Tenho aqui umas figurinhas pra trocar, e vamos em frente.
um abraço
Afonso Luzl

domingo, outubro 23, 2005

na frente da delegacia


galéra segurando a onda, na frente da delegacia, com o advogado Júnior (com meu chapéu cata-ovo), amigo do Brunão.

coro coletivo - e-mail flávia

Oi Rubens,
Seja bem vindo!

De uma olhada no site do e-grupo para ver os historicos dos e-mails e as mensagens que giraram sobre tua situação
http://br.groups.yahoo.com/group/corocoletivo/

Como colocou a Patricia Caneti, as mensagens podem te ajudar na defesa...

Também penso que seria bom se criasemos um historico/arquivo aqui de todos do coro e artistas próximos que conhecemos, que nao necessariamente estão na grande midia, mas tem bons trabalhos e que em algum momento envolvem o corpo nú! Desmistificamos o corpo e o colocamos como suporte natural dos performaticos. Apesar de que podemos contar também com os videos, fotografias, desenhos e pinturas... e ainda criamos um bom acervo de imagens/informação temática para esse processo que nos toca a todos:

Agora só me lembro de alguns mas tenho certeza que há outros:
EPA!(PR)/Goto sei que tem um trabalho, Grupo Um(RJ)/Nadam acaba de realizar em Paris o "Homem Expandido" e o evento VER de arte viva, Incorporo(SP)/Monica Rizolli e 0.17(DF/GO)Daniela devem conhecer artistas dos festivais de performances que organizam, além das suas próprias... Daniela Labra tem os registros do festival que realizou na Vermelho em que eu mesma participei com uma performance em que fico nua...

O que acham?! Topam?!
Rubens, acha que pode te ajudar? quais as estrategias que estão sendo pensada para tua defesa?

abraço,
fv

na frenteda delegacia


esse aí é o lugar q a gente ficou, por mais cinco horas...sem fazer nada.
não muito amistoso, hein?

na frente da delegacia


roupa sem corpo

acampamento na frente da delegacia


Rede, símbolo máximo do DDN. Fabrício na resistência, em frente à delegacia, esperando o desfecho do caso.

no xilindró



foto: ana

situação: subindo às costas do Fabrício, Ana fez este click aí do lado de fora do xadrex.

Eu, fazendo sinal de paz & amor. Déte, à esquerda, abaixo do meu braço e um cara no canto inferior direito que já estava lá por outros motivos (tinha 6 pessoas na cela)

quinta-feira, outubro 20, 2005

momento da autuação na praça



2 viaturas do RONE, como essa que entrou na praça, deslocadas para nos levar para a delegacia

momento da autuação

















eis aí o momento em que chegam os policiais e nos mandam colocar as mãos nas cabeças: fuzis e armas pesadas contra nudismo

quarta-feira, outubro 19, 2005

e-mail de manuel de souza, portugal

Foi com surpresa que tomei conhecimento dos problemas com a tua acção
A MINHA BOCA ABRE-SE DE ESPANTO
E que dizer? Força, amigo

Um performer português
Manuel Almeida e Sousa

nicolau saião, de portugal

"A nudez tem um sinal de transfiguração religiosa. Religião vem de religare, que significa tornar a ligar. E a ligar o quê? O que, naturalmente, foi separado. Por entidades, pela natureza. Sim, mas fundamentalmente pelo mito que se dá como fundacional.

Assim sendo, a figura central da maior religião de re-ligação, a religião cristã e católica, é um corpo nu, o corpo de Jesus, o Cristo. Nu quando nasce e é exposto no Presépio, nu enquanto é baptizado no Jordão por João Baptista, nu quando na cruz expia a condenação a que foi submetido pelo poder enroupado (a roupa do sumo-sacerdote Kaiphás é decisiva e caracterizadora do poder de facto) judaico-romano.

Torturado na cruz, morto em estado de nudez (embora nos ícones apareça com uma faixa de tecido que lhe tapa as partes pudendas para que o beatério não se sinta afrontado) Cristo desce ao sepulcro e aí permanece envolto num lençol de linho cru até dali ser resgatado pelos dois anjos do Senhor que o retiram nu do mausoléu para depois o cobrirem com um manto não conspurcado pela morte.

Nu no seu corpo divino e humano, igualmente se nos apresenta nu - ou seja, despido - de mentiras, de preconceitos, de hipocrisias e de cizânias enquanto ser de espírito e de intelecto, logo de razão que vai além da desrazão que constituíra o suplício, a Paixão.

Nesta perspectiva, o ódio que os manipulados pela hierarquia e os próceres dessa mesma Hierarquia manifestam pelo corpo nu do Homem (e Cristo foi Deus mas também Homem) só pode ser de origem satânica, relapsa, infra-universal, contrária ao lema de Cristo e à sua mensagem sublime de bondade, de paz e de concórdia.

Nesta perspectiva, ao traçar estas linhas em vista a exautorar os que o prenderam e o buscam condenar, exprimo o meu repúdio por esses manejos autoritários e o meu apoio a Rubens Pillegi.

Nicolau Saião, escritor e publicista"

e-mail goto

Caros,
Vejam que abuso de poder, equívoco de raciocínio e desserviço social a dita justiça instituída é capaz de empreender em nome do controle, da ordem e da moral: o corpo nu é, por natureza, obsceno.
Pois a que outra conclusão é possível chegar quando até a nudez artística em espaço público é interpretada como atentado ao pudor? Que hipocrisia e retrocesso geral contemporâneo é esse, incapaz de aceitar que homens e mulheres são assim mesmo, têm corpo, pelos e pele, pênis, vagina, ânus, bunda, seios? E nem estamos aqui falando de que esses mesmos corpos suam, fedem e fodem... Qual é o problema de termos um corpo? Será que nossa espiritualidade chegou a tal nível de sofisticação que nos tornamos seres desmaterializados? Não é pra tanto. Todo adulto já viu um corpo nu na frente de si, e não só na hora de comer alguém, mas imagino que milhões de pessoas pelo mundo já se encontraram nas mais distintas situações de nudez. Porque o nu haveria de ser primeiramente um atentado ao pudor? Se um cara estivesse se masturbando na praça e correndo atrás de criancinhas em espaço público vá lá, dava para chegar no cidadão e dizer que ele estava exagerando, que era melhor ele baixar a bola, se controlar. Geralmente, há mais erotismo e até pornografia em qualquer banquinha de revista da rua que num corpo nu em ato artístico. E quanta fixação sexual não há nas novelas televisivas? Qual é o problema, então? Sexualidade, erotismo e pornografia industriais podem porque dão lucro, são negócios legalizados? E o indivíduo ficar nu para se manifestar não pode? Quer dizer que até isso é regulado pelo mercado? E mesmo se fosse uma performance explicitamente focada na reflexão sobre a sexualidade humana, não poderia por quê? Não podemos mais refletir sobre nossos comportamentos e valores comportamentais? Estaríamos entrando na nova era da autocrítica zero? Além do aspecto natural de todos termos um corpo por debaixo das roupas - é preciso que se diga o óbvio a essas alturas - será que os ilustres togados não têm desprendimento intelectual suficiente para perceber que o corpo nu em nossa cultura pode significar muitas coisas e não apenas sexualidade? Quem parece estar com idéia fixa são esses juízes! Acho que esses caras são bacharéis tarados. Se eles interpretam tudo dessa forma me fazem pensar isso deles - é mais uma questão de lógica que de moral. O corpo pode ser também veículo de significados, linguagem cultural, crítica, arte, poesia. Os corpos vestidos no espaço público podem ser mais do que funcionários indo ao trabalho, ou consumidores indo ao shopping: podem ainda ser cidadãos, indivíduos que pensam sobre suas vidas e que podem querer manifestar-se sobre sua existência, sobre seu tempo e seu espaço. E que para essa manifestação podem usar seus corpos, e podem até tirar suas roupas. Ou será que a autoconsciência individual tornou-se tão rara que os executores oficiais de regras públicas já querem taxá-la de anomalia social? Esses caras são maus mesmo, hein? Haja perverssidade!
\r\nAbaixo segue o relato do artista Rubens Pileggi sobre os desdobramentos policiais e jurídicos ocorridos após a sua performance "roupa sem corpo / corpo sem roupa", uma sutil crítica à perda da consciência individual do cidadão civilizado, ação essa empreendida durante o Dia do Nada de 2005, em Londrina, a qual agregou diversos colaboradores ainda atentos ao "respiro, logo existo".
Convoco a todos a divulgarem esse fato e a manifestarem-se sobre ele, enviando comentários ao Rubens como um gesto de apoio e solidariedade a seu ato artístico e, simultaneamente, de desagravo ao equívoco judicial público que a justiça local está empreendendo, inclusive com um julgamento do artista previsto para início de novembro. Não é preciso ser juiz para saber o que é justo e o que é de direito. Vamos julgar publicamente esses juízes através das redes da internet e lembrar-lhes que acima da autoridade e do poder está o ser humano, que a justiça é maior que seus titulares de plantão, que a cultura é dinâmica, que os conceitos e convenções mudaram, que não queremos mais ser reprimidos pela mediocridade, ser torturados ideologicamente por uma visão reacionária de mundo.
Se isso não for possível, o que nos sobra? Adaptar-nos totalmente às regras? Sermos os normais totais, os normóticos? Ou sentirmos saudades da época pré-histórica? Pelo menos lá a nudez e a sexualidade não pareciam ser um trauma moral, como parecem insinuar algumas pinturas rupestres. Milhares de anos de história para regredirmos em relação ao nosso próprio corpo, nosso primeiro território. Não dá, né? Queremos mais que isso.

Abaixo segue o relato do artista Rubens Pileggi sobre os desdobramentos policiais e jurídicos ocorridos após a sua performance "roupa sem corpo / corpo sem roupa", uma sutil crítica à perda da consciência individual do cidadão civilizado, ação essa empreendida durante o Dia do Nada de 2005, em Londrina, a qual agregou diversos colaboradores ainda atentos ao "respiro, logo existo".
Convoco a todos a divulgarem esse fato e a manifestarem-se sobre ele, enviando comentários ao Rubens como um gesto de apoio e solidariedade a seu ato artístico e, simultaneamente, de desagravo ao equívoco judicial público que a justiça local está empreendendo, inclusive com um julgamento do artista previsto para início de novembro. Não é preciso ser juiz para saber o que é justo e o que é de direito. Vamos julgar publicamente esses juízes através das redes da internet e lembrar-lhes que acima da autoridade e do poder está o ser humano, que a justiça é maior que seus titulares de plantão, que a cultura é dinâmica, que os conceitos e convenções mudaram, que não queremos mais ser reprimidos pela mediocridade, ser torturados ideologicamente por uma visão reacionária de mundo.
Se isso não for possível, o que nos sobra? Adaptar-nos totalmente às regras? Sermos os normais totais, os normóticos? Ou sentirmos saudades da época pré-histórica? Pelo menos lá a nudez e a sexualidade não pareciam ser um trauma moral, como parecem insinuar algumas pinturas rupestres. Milhares de anos de história para regredirmos em relação ao nosso próprio corpo, nosso primeiro território. Não dá, né? Queremos mais que isso.

Goto

e-mail de carmem riquelme

pela lei é atentado ao pudor... mas vc teria qeu ter um magnifico advogado pra deslocar essa questão para arte, talvez com boa argumentação ele poderia livrar a sua cara... mas se for um juiz que simpatiza com a corrente positivista meu amigo... esquece! nada feito..

e-mail de Regina Vater

Bem Rubem,
eu sempre fui a favor da liberdade de expressao.
E acho que o Nu faz parte da tradicao artistica.
Vide as estatuas gregas, renacentistas, ate os quadros com cenas biblicas. E depois voce tem em termos mais contempraneos os defiles de carnaval, A famosa Luz del Fuego que assiti em pequeninaem Copacabana, desfilar nua coberta apenas por cobras,,,O filme do Altman :Pret a Porter...a Charlorte Moorman tocando vioncelo nua (alias ela foi presa por causa disto tambem...)

e-mail de maria gomes

Rubens
O corpo, sempre o corpo nu.
Quando era menina diziam que meu corpo era o templo do Senhor. Tempos depois esse templo era visitado por mãos e olhos inoportunos. Diziam que eu era parecida com a única boneca que tinha
então, num belo dia, resolvi desmonta-la pra saber o que ela tinha por dentro e descobri que não tinha nada, era vazia, mas eu não. Descobri que meu corpo é a minha primeira e última habitação e como habitá-lo? Existem leis pra isso? vivemos num País de sem terras,sem casa e sem corpo?
por isso rubens, não desista, fique firme até o fim e viva o dia do nada.

abraços
Maria de Lourdes Gomes

apoio internacional

Olha Amigo:tudo bem e compreendo que tudo isso é uma grande merda e que te queres ver é livre da história.Acontece porém, que divulguei isso por artistas portuguese e estou a receber mensagens... não param. Hoje recebi mais esta que colo em baixo - ora vê:
Caro Manel:

Aqui te envio, mais abaixo, a msg que me chegou dos pintores Carlos Marins e Ana Santos, para que a faças chegar a Pillegi ou quem entenderes.

O abraço do
Francisco

Caro Nicolau

Inteiramente de acordo com o teu oportunissímo e excelente texto. Não conhecia nem soube do que se passou mas assino incondicionalmente por baixo. É uma vergonha que não pode passar em claro. Os tipos despem-se por tudo e sobretudo por Nada e depois vêm prender os que o fazem de uma forma criativa. Hipócritas!

Certamente já a terás feito chegar às "autoridades" competentes no Brasil, não? Se ainda fôr a tempo junta a minha assinatura.

Um abraço a todos de grande saudade

Carlos Martins / Ana Santos

email patricia canetti



Marcelo Cidade, no trabalho apresentado para o Rumos Itaú

e

Antonio Manuel, em 70, na abertura do Salão Nacional, no Museu de Arte Moderna, no RJ

e-mail de arhur leandro

eu argumentaria expondo todos os casos em que a proposta poética enfrentou as questoes legais, tu tens o antecedente de Antonio Manuel e isso ja é um dado que conta a teu favor. Nao acredito que tenhamos força para responder unica e exclusivamente pela Lei, uma vez que (meus pais sao advogados, meu avo foi juiz e conheço esse meio) a leitura dos profissionais do direito é na maioria das vezes positivista - vale o que esta escrito e pronto acabou-se. Acredito que a saida para nos é argumentar pela poética e comparar com outras praticas que colocam em xeque a propria legalidade...

Vou expor alguns casos que tenho de cabeça e que ja usei para me defender em processos administrativos por cause de trabalhos produzidos pelos meus alunos, e que foram considerados ofensivos e/ou outras denominaçoes legais que me dou o direito de esquecer momentaneamente:
Cosmococca (incitaçao ao uso de drogas?!)
Aquele cara que nao sei nome e que disseca defuntos (violaçao de cadaver?!)
As galinhas do Cildo (crueldade com animais domesticos?!) e os carimbos nas notas (dinheiro é patrimonio da Uniao, isso é depredaçao do patrimonio publico?)
Tem mais um que lembro agora que é dum processo acho que no Brancusi por causa da alfandega quando da entrada das obras dele nos EEUU (Glorinha fala disso num dos anais dos encontras da EBA, acho que é no de 99), os alfandegarios consideraram importaçao de materia bruta e cobraram imposto, e o caso foi a julgamento e considerado arte e liberado de imposto

Acho que deves faze-los compreender como arte e nao como atentado violento..., e começar a perguntar o que seria da arte contemporanea se todos esses casos fossem tratados apenas como casos de policia e nao como propostas poéticas... Vais encontrar muitos outros, do Barroco a Genet temos casos semelhantes.

Wednesday, October 19, 2005 4:36 PM

Subject: mano, nao sei como ajudar
mas qualquer abaixo assinado de apoio taca meu nome sem problema. Arthur
SEGUNDO O AURÉLIO:
novo Aurélio = século xxi
obsceno.
adj.1. Que fere o pudor; impuro, desonesto. 2. Diz-se de quem profere ou escreve obscenidades.
pudor.
s.m. 1. Sentimento de vergonha, de mal-estar, gerado pelo que pode ferir a decência, ou a modéstia; pejo 2. P. ext. Este sentimento, ligado a atos ou coisas que se relacionam ao sexo: recato, vergonha, pudicícia: atentado ao pudor.

segundo a promotoria pública os artigos do código penal feridos são:
desacato à autoridade (art. 70), ato obsceno (art. 233) e atentado ao pudor(art. ) e as penas impostas podem variar de três meses a um ano de prisão, ou multa (três meses de voluntário, oito horas semanais, ou 6 cestas básicas, no valor de 50,00 cada)

aimberê cesar - eco 92

nus visitam exposição na Aústria em 29 05 2005



A onda de calor na Áustria é tão forte que um museu de Viena liberou a entrada gratuita de visitantes sem roupa nesta sexta-feira. O Museu Leopold ficou repleto de pessoas totalmente nuas, ou vestindo apenas roupas de banho, que apreciaram não só as obras de arte, mas também o sistema de ar condicionado do local.

No entanto, a promoção só valia para os interessados em ver uma exibição de quadros de nu artístico e outros temas escandalosos. Entre os artistas exibidos, estão Gustav Klimt, Egon Schiele e Oskar Kokoschka. As informações são da agência Reuters.