terça-feira, maio 03, 2011

alguma reflexão sobre desfuncionalização

Desfuncionalização da porra! – com toda a licença poética que um Dia do Nada com o tema de TODO MUNDO NU tem o direito de ter. Em um momento em que o que mais tem é gente querendo se vender ao mercado dando pinta de estar do lado contrário do mercado. Seja o mercado financeiro, seja o mercado de arte. O próprio processo em que aconteceu o DDN deste ano mostrou que o DDN não tem nada a ver com ideologia, mercado, merchandising e nem com aquele arrrrtístico separado da  vida. Utopia? O nome do evento já demostra que é no campo do absoluto que se as idéias e ações no entorno dele se movem: NADA. É pelo desejo do encontro, da camaradagem e, até, de uma pitada de travessura que o evento se realiza já há uma década. Mas muita gente é contra porque a lógica não se encaixa ao nonsense de mostrar que não somos práticos, funcionais e programáveis quanto à ‘modernidade’ nos exige ser. Hora de trabalhar, trabalhar. Hora de descansar, descansar. Consumimos nossas horas consumindo. Até o ócio se tornou produto de consumo. Oras, por que não curtir trabalhando e não trabalhar curtindo? Lembro o primeiro DDN, em 2002, em uma praça em Londrina, quando Marcelinho disse que se o Lula (em campanha para presidente naquele momento) passasse por ali e nos visse, desviava a passeata, fingindo não nos ver. Muitos artistas fingem achar o DDN muito legal, mas a desculpa, já velha, é sempre a mesma: “ué, não era para não fazer nada?” E a minha resposta, sempre na ponta da língua: “era para fazer nada, não para não fazer nada”.
Bem, esse ano começou com uma coisa de se pensar em legalização do nudismo e logo eu vi que não tinha nada a ver (literalmente) levantar nenhum tipo de bandeira. Depois, pintou uma ansiedade de tornar o evento um grande acontecimento, e para mim está claro que o evento é o que ele pode ser, sem forçar nada. Já fizemos eventos com meia dúzia de pessoas é foi antológico. O de 2008, com Giordani Maia, com as faixas no meio da rua foi demais. O de 2005 teve trabalhos incríveis. O de 2003 foi uma das experiências mais interessantes que eu vivi disso que se chama hoje de “intervenção urbana”. Então, não é a quantidade de gente envolvida diretamente que interessa, mas a potência do ato. Agora, em 2011, foi gostoso, simplesmente e, independente da estrutura mínima de uma só pessoa fazendo a fogueira se levantar (e o entusiasmo de poucos e valiosos parceiros) do jeito que foi, foi do caralho! Foi da porra! E essa de ficar pelado foi divertido, foi se desvestir da arte-mercado, da funcionalização das idéias pre-concebidas e dar um tempo – ainda que mínimo – para se carregar do desinteresse amistoso que aquece o encontro entre pessoas desarmadas e cúmplices em seus sorrisos. Aos que foram, beijos, abraços e afagos. Gente, muito agradecido e muito prazer. Aos que acompanharm e aos que torceram, muito agradecido, também. Aos que disseram que iriam e não foram, não tem importância, ano que vem tem mais. E até aos inseridos e defendidos pela ideologia, saibam, isso é só um discurso, na vida real ninguém é contra nada. Nem a favor de tudo.

Fotos DDN 2011 (02)







FOTOS DO DDN 2011 (01)













domingo, abril 10, 2011

Todo mundo nu facebook e no orkut

GALÉRA, ESTOU SUGERINDO QUE TODOS MANTENHAM UMA FOTO NUA NO PERFIL DO FACE E DO ORKUT EM APOIO À ARTISTA ANGELA FREIBERGER QUE TEVE SEU PERFIL RETIRADO DO FACE DEPOIS QUE COLOCOU UMA FOTO DE UMA PERFORMANCE DE UMA MULHER NUA EM SUA PÁGINA.
PODE SER QUE ELES CENSUREM MUITA GENTE E ISSO SERIA MUITO SÉRIO. E PODE SER QUE ELES TOLEREM, E ISSO SERIA UMA GRANDE CONQUISTA. ENTÃO, VEREMOS SE ELES ESTÃO MAIS A FIM DE CONSUMIDORES OU MAIS A FIM DE REPRIMIR A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DAS PESSOAS.

segunda-feira, abril 04, 2011

Por favor, sigam o DDN pelo Facebbok

é só entrar na página de Rubens Pileggi e pedirem para entrar no grupo

sexta-feira, abril 01, 2011

Dia do Nada 2011: Posicionamentos

Aos amigos, camaradas e parceiros.

O Dia do Nada é um evento que acontece desde 2002. Embora o NADA não possa ser capturado nem em um tempo, nem em um lugar, tem sua efeméride marcada sempre para acontecer na primeira segunda de maio. Maio porque maio tem o dia do trabalho para ser comemorado. E se tem o Dia do Trabalho, porque não ter um dia para homenagear a folga, a preguiça, o dolce far niente? Melhor ainda se esse dia cair em uma segunda-feira.

Assim, todo ano é desenvolvido um tema e se convocam os artistas e pensadores no desafio não em "não fazer nada", mas em "fazer nada" como pressuposto de um fazer criativo. Ora, tanto a arte quanto a filosofia vem produzindo e debatendo pelo menos desde o modernismo essa questão, que também diz respeito à idéia ou a possibilidade, ou não, do absoluto, portanto, o nada tem a ver com religiosidade, também. O que dizer, então, em relação à sociologia, onde a idéia de trabalho se tornou uma religião em nossa cultura? Mas o DDN não é contra o trabalho. O DDN é contra o trabalho escravo, a mais-valia, o trabalho repetitivo e desprazeroso. E que se entenda: contra no sentido de usar essa paisagem como fundo que se contrasta com a figura que se expressa, não negando, simplesmente.

Neste ano de 2011, o DDN comemora sua décima edição e tem como tema a frase "TODO MUNDO NU", nascida de uma conversa com o artista Aimberê César, que vem pensando formas jurídicas de descriminalizar o nu, de modo a buscar a legalização de sua prática.

O debate em torno desse tema, assim, promete ser bastante produtivo, uma vez que o nu, em si, não é um ato obsceno e sua prática não deve implicar em atentando ao pudor, pelo simples fato de que nascemos nus e, em nossas origens geográficas, a prática do uso da roupa é que era algo a se estranhar e não seu contrário. De fato, a "imoralidade" está em quem assim lê a liberdade do outro como ato obsceno, querendo enquadrá-lo em  regras e  normas que não implicam na experiência do dissenso para a prática do comum, mas a do consenso baseado na exclusão. Uma falta de gentileza é mais obscena do que o simples fato de tirar as roupas em público!

Ocorre, também, que o nu feminino é o objeto mais vendido na publicidade e é quase aceito como natural, mesmo que investido de carga erótica. Já o nu masculino é sempre passível das piores ameaças, por uma questão do machismo no poder, como se um corpo despido pudesse ameaçar todo um sistema armado e defendido contra o vírus da liberdade. É fácil verificar isso. Basta clicar a palavra nu no site de buscas Google e as imagens que aparecem são, em sua grande maioria, de mulheres disponíveis para o sexo. Por que será que o corpo não pode ser visto apenas pelo que é?

A arte há muito detecta esse problema. Entre nós, destaca-se o pioneiro e ousado gesto do artista "Antonio Manuel" realizado no Salão de Arte Moderna, no MAM/RJ, em 1970. Antes dele, a dançarina Luz del Fuego. Antes dela, todos os indígenas andavam nus na Terra Brasilis. Depois deles, há vários destaques, como o próprio Aimberê Cesar, durante um evento na ECO 92, no espaço público, sem a proteção da instituição para alegar que o gesto era uma "obra" artística.

Em todo caso, o DDN não é novato no assunto. Em 2005, houve a autuação de 3 membros do Dia do Nada, em Londrina, por "ato obsceno", pela interação com a obra "roupa sem corpo, corpo sem roupa", de minha autoria, realizada em uma praça da cidade. Este ano, no entanto, não queremos complicações com a polícia e buscaremos formas de nos expressar sem quer nenhum de nós seja levado para a delegacia.

Conscientes de que o tema da prática do nudismo é tão amplo quanto a própria questão que envolve o Nada nas mais diferentes áreas do conhecimento humano, buscamos estratégias de ampliar a visibilidade de um, sem perder a seriedade e sensibilidade que o tema em questão requer. Assim, o Dia do Nada se opõe ao capitalismo não para negá-lo, mas no sentido de torná-lo um fundo para a figura que a ele se opõe, criando os mais diferentes contrastes. No caso do tema TODO MUNDO NU, a estratégia é de atiçar a curiosidade das pessoas para o Dia do Nada, mesmo que se tornem a principal atração do festival, uma vez que quem se dispõe em ver o outro se despindo no DDN está menos fazendo do que quem, de fato, deveria se despir aos olhos do público.

Tudo ainda está por se formatar, ainda, no entanto algumas idéias começam a ganhar densidade e, através delas, outras estão sendo processadas. Assim como no ano passado fizemos um abaixo assinado “pela redução da jornada de trabalho a ZERO horas semanais”, podemos fazer um abaixo assinado pela legalização da prática do nudismo. A forma de fazer isso é que deve ser pensada, nesse caso, para não constranger as pessoas a levantarem mais uma bandeira, caso não queiram se filiar ao PN. Há outras ações que se casam muito bem com a premissa do tema do DDN. Por exemplo, o trabalho do Jarbas Lopes realizado em um evento em Salvador, onde pessoas caminhando pelas ruas da cidade, todas juntas, fazem um escudo para que uma delas - e depois outra, sucessivamente - tire as suas vestes no espaço público.

Um caminho possível seria a ida do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, até a FUNARTE e/ou ao MAM. No largo, algumas performances e objetos poderiam ser vistos, a começar pela performance do Nivas (Nivaldo Carneiro), Nada vendo, Nada troco, Nada dou, baseada nos bordões de camelôs.  Também acho que seria muito legal ter as roupas do Daniel Toledo e o Opavivará; a escultura de arame farpado da Elen Nas; o Vendo Mulher, uma caixa preta com furo e uma foto de mulher nua, dentro; e também o Corpo sem roupa/ corpo sem roupa, com roupas moldadas com gesso, como se fantasmas caminhassem pelas ruas da cidade. A Aletéia Daneluz já está inserida no nosso processo, sugerindo uma “parada nua”, ou, uma “praia de nadismo”. Da Carioca, saímos no bololô do Jarbas, caminhamos até o MAM (vou ver se consigo eletricidade) e lá fazemos uma rave ao ar livre, com as pessoas dançando como quiserem. A artista e DJ Susana Guardado vai pilotar as máquinas.

Em Brasília, o Corpos Informáticos irá realizar uma ação na frente da CAPES. Talvez, pular corda nus. Em Bela Vista do Paraíso uma pessoa (ou várias) irão correr pela avenida principal, nus, de madrugada, abrindo o dia 02 de maio. Em Londrina, em Recife e em outras cidades estou esperando respostas.

Bem, acho que isso já dá para começar. Quem tiver interessado em participar, entra em contato para ir fechando a programação e saber mais ou menos com será nossa estratégia. Proponho, antes, também, a realização de um leilão com trabalhos de artistas simpatizantes à causa, podendo ser mais um elemento aglutinador entre os artistas para que o DDN 2011 deslanche.


Espero a participação de todos

Abraços nadísticos

http://nothingday.blogspot.com

segunda-feira, março 28, 2011

CARTAZ DDN2011

TODO MUNDO NU DDN 2011

Um sonho

Gilberto Gil

Composição : Gilberto Gil
Eu tive um sonho
Que eu estava certo dia
Num congresso mundial
Discutindo economia
Argumentava
Em favor de mais trabalho
Mais emprego, mais esforço
Mais controle, mais-valia
Falei de pólos
Industriais, de energia
Demonstrei de mil maneiras
Como que um país crescia
E me bati
Pela pujança econômica
Baseada na tônica
Da tecnologia
Apresentei
Estatísticas e gráficos
Demonstrando os maléficos
Efeitos da teoria
Principalmente
A do lazer, do descanso
Da ampliação do espaço
Cultural da poesia
Disse por fim
Para todos os presentes
Que um país só vai pra frente
Se trabalhar todo dia
Estava certo
De que tudo o que eu dizia
Representava a verdade
Pra todo mundo que ouvia
Foi quando um velho
Levantou-se da cadeira
E saiu assoviando
Uma triste melodia
Que parecia
Um prelúdio bachiano
Um frevo pernambucano
Um choro do Pixinguinha
E no salão
Todas as bocas sorriram
Todos os olhos me olharam
Todos os homens saíram
Um por um
Um por um
Um por um
Um por um
Fiquei ali
Naquele salão vazio
De repente senti frio
Reparei: estava nu
Me despertei
Assustado e ainda tonto
Me levantei e fui de pronto
Pra calçada ver o céu azul
Os estudantes
E operários que passavam
Davam risada e gritavam:
"Viva o índio do Xingu!
"Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!"

http://www.youtube.com/watch?v=B4Ev-m2hf1U

sábado, março 26, 2011

TODO MUNDO NU

Primeiras idéias
Aimberê - Habeas corpus preventivo: pelo direito a ficar sem pelado sem ir preso
Ellen - o nu farpado: nua, a performer estará envolvida em uma proteção de arame farpado
Ida (vc vem, Ida?) : Vendo mulher - numa caixa, um buraco: quanto vc paga por uma mulher?
Roupa sem corpo, corpo sem roupa: roupas de gesso e pessoas nuas transitando por essas roupas.
Jarbas (?) Passeio com a turma. enquanto um fica pelado no meio do bololô, os outros dão cobertura.

DIA DO NADA 2011













TODO MUNDO NU

terça-feira, fevereiro 15, 2011

The lazy beggars

Contando, ninguém acredita. Ontem me deparei com um mendigo que coloca suas cambuquinhas de esmola separadas por bebida. Então você pode escolher se dá esmola para comprar vinho, whisk, cachaça ou mesmo para a ressaca. Solidário, claro, colaborei com um euro para a ressaca. De brinde, ainda ganhei um cartão com o endereço do seu website trilingue. Ou eu estou enlouquecendo ou o mundo anda cada vez mais non-sense.

Guilherme Zarvos

terça-feira, fevereiro 08, 2011

facebook também é cultura

Ivana Bentes Olha a filosofia da Rede, ai: "A rêde toma o nosso feitio, contamina-se com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rêde é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanha, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossêgo. Desloca-se, incessantemente renovada, à solicitação física do cansaço. Entre ela e a cama, há a distância da solidariedade à resignação". Câmara Cascudo.

Fernando Codeço Vale lembrar que a rede tem origem indígena, adorei a idéia da imagem de uma mulher sedutora numa rede, como estratégia de marketing para a bioluta!

Pela abolição do trabalho "morto", separado da vida

" Não Trabalhe Nunca Mais!" Slogan Situacionista e do Núcleo Biolutas PT. Pela abolição do trabalho "morto", separado da vida. Lançamento do "Biolutas" dia 07/02 na antiga sede do Bola Preta na Cinelância http://www.facebook.com/home.php?sk=group_127278404008035