segunda-feira, maio 06, 2013

Reflexões sobre o DDN e apontamentos para os próximos anos


O primeiro DDN foi em 2002, na praça em frente às lojas Pernambucanas, do lado da Catedral, no centro de Londrina. Foi o DDN regional. Benatto, Fernando Martinez, Luizão, Maria Angélica Abramo e uma galera da boa, entre eles meus colegas de faculdade, à época. Demos o nome àquela praça de Pasmatoria Geral da República. Lula iria disputar a presidência e o Marcelinho Henrique, sempre arguto, me disse: "se o Lula passasse aqui perto, certamente desviaria seu caminho para não se esbarrar conosco".

Hoje tive a mesma sensação na UFG, deitado na rede, entre a Biblioteca, a FAV e a Escola de Música. Alguns olhares de desaprovação e gente passando rapidinho, tentando evitar conversa. Achei isso sintomático, mas não espantoso em nossa sociedade onde o Tripalium sacrificial tornado trabalho foi naturalizado. Aqui, nesta Goiânia 'trabalhadêra', é preciso nervos fortes contra a visão hegemônica petencostal, martelando 'que o trabalho enobrece'. Mas, vamos aos fatos: quando Max Weber escreveu A Ética Protestante no Espírito do Capitalismo, ainda não existia nem a progressista cidade de Goiânia no mapa. Ou seja, muito Edir Macedo veio 'picaretear' a fé por aqui depois disso, ainda. Pregar o ócio como resistência cultural onde impera o ditado "cabeça parada é oficina do demônio" é considerado uma forma de heresia. É preciso refletir, ao invés de repetir, como papagaio, verdades prontas.
Me sinto bem agora, depois de ter lutado contra minha própria insegurança de achar que o tema do Nada não tinha mais como se desdobrar. Percebi enquanto dava comida aos macacos. Lembrei-me de Paul Lafargue, Bertrand Russell e tantos outros que desconstruíram a ideia do capitalismo, reivindicando o 'dolce far niente' como matéria prima de um mundo mais justo.
Senti que posso continuar propondo o DDN e que muita gente vai continuar curtindo essa mirada filosófica, sociológica, religiosa e artística que a data evoca.
Nas próximas edições, forçar o mimetismo com a realidade e o cotidiano pode ser interessante como forma de inserir situações onde a sociedade tenha que se deparar com a própria cultura e seu avesso. Saravá de terno preto, meu irmão! Salve o 11º ano do DDN! Ditado por ditado eu fico com esse, que tem a qualidade de propor, ao invés de ser reativo: "a preguiça é a mãe da invenção". O macaco é nosso irmão!!!!!

DDN 2013 - FAZEMOS QUALQUER NEGÓCIO




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