domingo, março 20, 2005

Onada

Onada é exatamente essa coisa inexata de saber-se mais exato do que o próprio átomo. Onada é a adolescente, é o adolescente, é o cara, é a mina, é aquilo que não sabe se é isso ou aquilo, é isso que sou tentanto ser, anônima, mas nem tanto, vaidosa enquanto a arte me permite, egocêntrica enquanto encontro culpados para o meu (o nosso) inevitável fracasso. Estou, agora, tentando buscar ispirações para ser convincente, mas não há. Eu mesma não me convenço, é a grande farsa que move a grande farra da vida.

segunda-feira, março 14, 2005

ode à preguiça - por Gusmão Figueiredo

Não é curioso que o desprezo pela preguiça e a extrema valorização do trabalho possam existir numa sociedade q não desconheça a maldição q recai sobre o trabalho, visto q trabalhar é castigo divino e não virtude do livre-arbítrio humano? Aliás, a idéia do trabalho como desonra e degradação não é exclusiva da tradição judaico-cristã. Essa idéia aparece em quase todos os mitos q narram a origem das sociedades humanas como efeito de um crime cuja punição será a necessidade de trabalhar para viver. Ela também aparece nas sociedades escravistas antigas, como a graga e a romana, cujos poetas e filósofos não se cansam de proclamar o ócio um valor indispensável para a vida livre e feliz (...) Os vocábulos ergon (em grego) e opus(em latim), referen-se às obras produzidas e não à atividade de produzi-las. (...) A palavra latina q dá origem ao nosso vocábulo "trabalho" é "tripalium", instrumento de tortura para empalar escravos rebeldes e deriva de "palus", estaca, poste onde se empalam condenados. (...) Quando e por que se passou ao elogio do trabalho como virtude e se viu no elogio do ócio o convite ao vício, impondo-se negá-lo pelo neg-ócio?

quarta-feira, março 09, 2005

alvin tofler e d. de masi

a intenção do nothing day é unir o pensamento oriental com a prática ocidental tendo como base um “grau zero” de todas as significações de valores que a sociedade tomou como verdade inequívoca, como a relação com o trabalho e a funcionalidade mecânica da existência.
acabar com a noção q divide trabalho de vagabundagem é uma questão q pode ser desenvolvida, já q para a física, trabalho é toda energia gasta em qualquer trajeto q vá do ponto A ao ponto B. Nesse caso, todo movimento é trabalho. mesmo parecendo estar parado, ainda assim tudo está em continuo movimento, gastando energia.
e emprego como noção de trabalho, então, torna tudo ainda menos preciso, já q essa idéia é usada para justificar o uso do tempo produtivo de uma pessoa em atividades completamente inúteis para a humanidade.

mudando de conversa: acho alvin tofler e domenico de masi, furados.

segunda-feira, março 07, 2005

frases

"o silêncio é grávido de sons" - cage

a inércia é o princípio da ação

o caminho do meio no meio do caminho

"o silêncio é o começo do papo" - arnaldo antunes

"a luz nasce da escuridão" - gil

a cultura se desenvolve no ócio

paul lafargue: ‘‘O Direito à Preguiça’’

zen budismo: o nada como o nirvana, o absoluto. A (não) ação como parte da ação.

existencialismo: o Ser e o Nada (heidegger)

"Um dia pra vadiar" - vinícius

"hoje é segunda-feira e decretamos feriado..." - raul e p c

"eu vim aqui foi pra vadiar” - música de capoeira

“eu não tenho nada a dizer, no entanto já o estou dizendo” - john cage – in discurso sobre o nada

“nada/ou quase/ pouco/ o poema/ faz-se” - augusto de campos

“no vazio cabe tudo” - folheto apócrifo

“nada é nada. tudo é tudo.” - cartola anônimo

“o nada é tudo” – marcão kareca

“tudo é nada” – niilista de plantão

“a máquina de fazer nada não está quebrada” - arnaldo antunes

“nada melhor do que não fazer nada” - rita Lee

“é sempre bom lembrar, um copo vazio, está cheio de ar”. - chico e gil

“a preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar não inventaria a roda”. - mário quintana

“o ócio é o fermento da cultura” - domenico de masi

“pensando bem, amanhã eu nem vou trabalhar” - r c

“quem inventou o trabalho não tinha o que fazer” - zé carioca

“um dia na moleza vale mais que mil dias de batente”

“antes um péssimo dia de pesca do que um dia bom dia de trabalho”

“o trabalho é o ópio do povo”

“os trabalhos com o dicionário partiram de abstrações de coisas particulares (como água) para abstrações de abstrações (como significado). interrompi a série do dicionário em 1968. a única ‘exposição’ que já foi feita dessas obras aconteceu no ano passado, em los angeles, na gallery 669 (agora fechada). a mostra consistia na palavra ‘nada’ retirada de cerca de uma dúzia de vários dicionários diferentes.”
kosuth – arte depois da filosofia 1969

12 mendigos estavam deitados no gramado quando um homem ofereceu dinheiro àquele que fosse mais vagabundo entre eles. 11 logo se levantaram, dispostos a disputar a grana. Ganhou o que continuou deitado.
“elogio ao ócio” – Bertrand Russel

quinta-feira, março 03, 2005

arregimentação

bem. esse blog foi criado para arregimentar forças para a programação do próximo "dia do nada", q, como TODOS sabem, é realizado sempre na primeira segunda-feira do mês de maio (nesse ano cai no dia 02).
Bem, a idéia aqui é usar esse espaço para informar o q será feito, o q está sendo feito e o q já rolou em relação ao "dia do nada". Ou seja, quem é q participa e quem é q vai participar e o q pretende fazer.
Seria legal poder fazer um livrinho com as fotos e textos depois. E, mesmo, quem gravar em vídeo poder passar para todos q quiserem/puderem ver.
Para quem não sabe, "o dia do nada" começou em 2002, como um evento de caráter regional, em Londrina, Pr., com uma galéra estacionada na praça do centro da cidade e já no ano seguinte se estendeu para o país inteiro, graças ao pessoal do Rio (Rés do chão, principalmente), de Foz do Iguaçu, e do Macapá (URUCUM). O terceiro, de 2004, foi, então, naturalmente, "El dia del nada del mercosud". E esse, agora, é o "nothing day" globalizado total.
Agora, pra isso acontecer a partir desse blog, tem q ter gente dando dicas de como - por exemplo - colocar imagens, se dá para colocar vídeos e sons. ou, como fazer isso. that´s the question.
Outra coisa, my english is terrible e eu gostaria de convidar pessoas do mundo todo para parar o planeta de vez só para o acontecimento do "dia do nada" fazer valer, de verdade. Só na base da idéia forte!
Então é isso, já tá valendo. Todos são criadores dessa experiência q a gente nem tem noção exata da dimensão do q pode virar, mas estamos aí para o q der é vier (frases feitas n dão trabalho de criar e sempre causam impacto).
Quem vem?

quarta-feira, março 02, 2005

nothind day 2005


Seu próprio nome já diz tudo e qualquer apropriação comercial ou política do Dia do Nada só pode existir de maneira crítica, não autoral e não objetual. Qualquer tentativa de usá-lo em sentido diverso da desobjetivação, deixa de ser Dia do Nada.
Tal argumentação em defesa de princípios, salvaguarda uma das questões que fazem parte do eixo central de seu programa ideológico, que é a especulação sobre o trabalho que se tem em realizá-lo.
Ora, em física, a definição de trabalho é a energia gasta por um corpo em movimento, de um ponto a outro. Portanto, o Dia do Nada, pelo seu próprio caráter, não se opõe ao trabalho, mas ao trabalho desprazeroso, mecânico e explorador. Ele não é contra o trabalho. Ele é a favor do prazer em fazer. Por isso, não se trata de não fazer nada, mas de FAZER NADA, o que é muito diferente uma da outra coisa.
Traz, também, em sua essência, a busca última pregada pela doutrina Zen Budista, que é quando o discípulo atinge o Nirvana, a iluminação (satori), o absoluto, tornando-se um só com o vazio, o silêncio e o nada.Esse estado de graça deixa de compreender o universo como realidade dicotômica e passa a incorporar os opostos como parte de uma mesma energia. Portanto, o nada é tudo. E tudo, é nada.