segunda-feira, abril 28, 2008

MANIFESTA E APRESENTAÇÃO

MANIFESTA

O Dia do Nada é um evento de caráter filosófico, antropológico, sociológico, científico, religioso e artístico, que atravessa todas estas áreas do conhecimento humano, para, absolutamente, nada ser.

Seu próprio nome já diz tudo e qualquer apropriação do Dia do Nada só pode existir de maneira crítica, não autoral e não objetual. Qualquer tentativa de usá-lo em sentido diverso da desobjetivação, deixa de ser Dia do Nada.

Tal argumentação em defesa de princípios, salvaguarda uma das questões que fazem parte do eixo central de seu programa ideológico, que é a especulação sobre o trabalho que se tem em realizá-lo.

Ora, em física, a definição de trabalho é a energia gasta por um corpo em movimento, de um ponto a outro. Portanto, o Dia do Nada, pelo seu próprio caráter, não se opõe ao trabalho, mas ao trabalho desprazeroso, mecânico e explorador. Ele não é contra o trabalho. Ele é a favor do prazer em fazer. Por isso, não se trata de não fazer nada, mas de FAZER NADA, o que é muito diferente uma da outra coisa.

Por outro lado, tem no niilismo de Nietzsche e no existencialismo de Heidegger uma mirada filosófica em direção ao nada fazer, ao nada buscar, ao nada ser. Não otimista, mas atuante.

Em relação à arte o Dia do Nada se alinha a correntes onde a relação entre arte e vida tende ser abolida. E,por outro lado, fornece um tema para todo tipo de representação que vai do vazio ao silêncio, da fantasmagoria à sombra, dos buracos à ausência. Artistas como Andy Wharol, Yves Klein, Joseph Kosuth, Michael Heizer (duplo negativo) e muitos outros possuem obras tocante a esse tema tão caro ao pensamento ocidental quanto ao pensamento oriental. Na verdade, esse é um tema que coloca a lógica em suspensão, levando-nos a refletir sobre dimensões que cotidianamente não nos ocupamos, embora convivam cotidianamente conosco.

Traz, também, em sua essência, a busca última pregada pela doutrina Zen Budista, que é quando o discípulo atinge o Nirvana, a iluminação (satori), o absoluto, tornando-se um só com o vazio, o silêncio e o nada.

Esse estado de graça deixa de compreender o universo como realidade dicotômica e passa a incorporar os opostos como parte de uma mesma energia. Portanto, o nada é tudo. E tudo, é nada.

http://www.nothingday.hpgvip.ig.com.br

Breve apresentação:
O Dia do Nada nasce em 2002, em Londrina, depois de uma conversa com o Marcelinho, em Bela vista do Paraíso e depois que o Edson Barrus, no Rio de Janeiro, disse que só iria acreditar em arte quando ficar deitado em uma rede - ele estava deitado em uma quando disse isso - fosse uma manifestação artística.
O evento deixou de ser regional para se tornar nacional, depois latino americano e depois global. Agora, sabendo que o calendário Azteca tem um DDN, que os balineses comemoram seu DDN e que na Inglaterra, por causa da Margaret Tatcher, o DDN deles é comemorado na primeira segunda de maio, ficou fácil demais brincar de ser nadista. A cada ano surgem mostras curatoriais no mundo inteiro com esse tema, falando de sua urgência. E até no programa na Globo ainda vai aparecer alguém lá dizendo que inventou o NADA, por conta e risco próprio.
Enfim, o NADA engole tudo. E cá estamos nós, com a mala cheia de propostas para lançar e trabalhos para mostrar.

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