
Então, compreendi que o Dia do Nada é tudo aquilo que já dissemos: um movimento contra o trabalho obrigatório, o automatismo, a mais valia. Mas hj percebi que o “nadismo” vai além disso, mexe com estruturas postas , ainda que seja em manifestações das mais inocentes, como forma de intervenção urbana.
Pouco antes, no mesmo shopping, eu havia ficado quase uma hora numa
fila de Correio, com um pequeno envelope com um livro para postar,
enquanto vendedores postavam 30, 20 caixas antes de mim. Nada contra os
vendedores, mas vi que as pessoas na fila têm uma atitude completamente
bovina, ninguém reclama, todos suportam a espera de um serviço cheio de
falhas. Então, o Dia do Nada é isso, um lembrete de que tudo está
automatizado e que somos máquinas operantes, qualquer atitude diferente
causa estranhamento, causa ruído. Nada mais urbano que um shopping, nada
mais automatizado do que trabalhar para comprar e esperar em filas.
Nada mais lúdico que uma bolha de sabão cortando o cenário da pasmaceira
aprovada pela administração.
Ah! Se fossemos uns mil hj, enchendo o mundo de sabão e ilusão!
(Célia Musilli
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